Porque é que há cada vez menos pessoas a optar pelas Artes e a jogar pelo seguro, há cada vez mais jovens a serem influenciados pelos pais na escolha da área ou até mesmo do curso que vão seguir, não sei se é por causa da fase que atravessamos (e supostamente os pais só querem o melhor para nós), mas é uma realidade que me deixa muito triste.
Confesso que sempre tive muito mais jeito para o departamento Humanístico, para a comunicação do que para as artes, mas sinceramente, o meu secundário foi a melhor fase da minha vida até agora. Aprendi imenso, cresci e fui guiada por grandes génios que ainda hoje são pessoas que importam o mundo para mim. O professor António Coelho e a professora Maria João Mota foram dois dos professores que mais me marcaram até hoje. É triste saber que muitos pais influenciam os filhos e tentam que eles não se dirijam para as artes, e é triste saber que quando se opta pelas Artes, ou se escolhe arquitectura, ou não se é nada. No entanto, quando há nomes a serem distinguidos no mundo da cultura ou das artes, como Joana Vasconcelos por exemplo, já há um grande orgulho em sermos portugueses e em sermos bons nas artes, mas os pais não pensam que um dia o filho pode ser a próxima Joana Vasconcelos.
Se os pais querem assim tanto o nosso bem, porque é que não deixam os próprios filhos escolherem o próprio caminho? O dinheiro não traz a felicidade, e o facto de sermos médicos não implica que iremos ganhar mais dinheiro ou que o nosso emprego seja mais certo do que um designer ou um artista plástico. Pensem na antiguidade, os grandes génios eram todos.. artistas. Não estou a menosprezar as ciências ou dar maior importância às artes, só acho que deveriam meter os cursos de artes ao mesmo nivel que os outros. Afinal de contas, há muitos talentos escondidos provavelmente por influências de terceiros.
Costumo vir aqui espreitar mas nao costumo comentar.
ResponderEliminarEu também tinha essa visão um pouco idealista da nossa vocação e que devemos seguir o que queremos. No entanto quando se chega ao mundo real do emprego e das contas por pagar nao é assim tão simples! Eu sempre tive mais jeito para línguas e história e segui humanidades, mas nao é fácil encontrar emprego na área e muito menos com um ordenado decente! E o dinheiro faz imensa falta! Quem me dera poder viajar, sem ser só em trabalho o que já nao é mau, ter empregada em casa porque no final do dia de trabalho ainda ter de fazer tudo em casa é obra. Depois há mais aquela peca de roupa que queremos, o carro que tem de ser trocado, seguros, etc. Um bom ordenado ajuda bastante! E eu nem me posso queixar porque tenho tido sempre emprego!
Os meus pais deram-nos liberdade total, eu segui letras e a minha irmã arquitectura, só o mano foi mais esperto e seguiu engenharia! Eu hoje digo que se tiver um filho que queira seguir artes ou humanidades leva! Quem me dera ter vocação pra números e ter um emprego super bem remunerado! Mas no fim de contas nao me queixo!
Só para dizer que os pais quando nos tentam encaminhar é porque já estão um pouco mais á frente e sabem o que custa passar as dificuldades do dia a dia.
Beijinhos
Lamento Joana mas discordo. Precisamente por os pais quererem o nosso bem e o melhor para os filhos é que os tentam encaminhar para áreas onde a taxa de empregabilidade é superior. E infelizmente, é nas artes e nas humanidades que o desempro mais se centra.
ResponderEliminarÉ obvio que nem todos podem seguir as ciências, as engenharias, a gestão, a medicina ou a arquitectura! Não somos todos iguais, não temos as mesmas capacidades para todas as áreas e não podemos gostar de tudo. No entanto, os nossos pais e nós próprios queremos um futuro o mais risonho possível e apesar do dinheiro não trazer a felicidade, ajuda! Uma pessoa que tem uma profissão que adora mas cujo salário não é suficiente para pagar as contas ao final do mês também não é feliz! A taxa de empregabilidade e as remunerações nos empregos ligados às humanidades e artes são baixissimos! E contra mim falo que segui Direito e, a menos que consiga ser contratada pelo departamento juridico de uma grande empresa ou por uma grande sociedade de advogados, estou a ver a minha remuneração muito baixa! Já vi propostas de escritórios a 200 e 300 euros mês!!! É impossivel ser-se feliz assim, mesmo que se adoro a advocacia ou o direito.
E depois, existem outros cursos ligaos ás humanidades cuja inserção na sociedade é duvidosa! O mercado, pura e simplesmente dispensa certo tipo de licenciados pois pessoas com o 12º ano podem fazer o mesmo e por menos dinheiro ou já não existe espaço para eles, não por falta de trabalho mas por falta de apoios estaduais que iriam suportar os vencimentos destes profissionais. Estou a lembrar-me de animadores culturais, por exemplo, ou de antropologos (para a 2ª hipotese).
E mais! Falaste na Joana Vasconcelos mas, sinceramente, a cultura está pelas ruas da amargura em Portugal. As pessoas pura e simplesmente não querem saber de pintura, escultura ou artes plasticas! Querem saber de coisas fáceis de entender e de rápido entretenimento.
Desculpa mas acho que não estás mesmo a ver bem a coisa... Infelizmente já não é possível olhar para o mercado e continuar a ser idealista... :s